Cresce o número de tutores que chegam ao consultório com dúvidas sobre ração, alimentação natural e sua relação com alergia alimentar. A internet está cheia de informações que muitas vezes acabam por nos confundir ainda mais. Assim, quis elaborar um post simples e direto para sanar algumas das dúvidas mais comuns:
1- Qualidade para a pele e o pelo: ração ou alimentação caseira?
Para começar, existe uma grande variedade de rações que se diferem em qualidade. De maneira geral, uma boa ração é sim suficiente para que os animais sejam bem nutridos e se desenvolvam de forma saudável. Há também veterinários especialistas em nutrição que estão preparados para elaborar uma alimentação natural que supra as necessidades nutricionais do seu pet. Ou seja: desde que você escolha uma boa marca de ração ou um profissional qualificado para a elaboração da dieta, seu pet estará “bem servido”! E isso se refletirá em pele e pelos saudáveis.
2- Por que em alguns casos a pele e o pelo dos animais melhoram com a alimentação natural?
Alguns pets podem ter dificuldade em assimilar certos componentes da dieta, seja ela comercial ou caseira, o que pode resultar em má digestão ou má absorção dos nutrientes. Assim, sempre que é observado que um animal tem problemas como diarreia, vômitos ou alterações dermatológicas, é interessante avaliar como está sendo a alimentação. Mudanças e adequações podem ser feitas para tentar reverter o quadro. Mas isso pode ser a troca de uma ração ruim para uma boa ração ou até uma ração especial para pele e intestino sensível, como uma mudança para alimentação natural. Vale lembrar que há a possibilidade de o animal ter uma piora no quadro clínico após a troca de ração para alimentação natural também. Ou seja, é necessário respeitar as individualidades e analisar cada caso, pois, cada animal irá reagir de maneira diferente à essas mudanças.
3- Alergia alimentar
Já é sabido que alguns animais manifestam alterações dermatológicas em decorrência da exposição aos trofoalérgenos (substâncias presentes nos alimentos que são capazes de induzir reação alérgica). Mas quais são esses alimentos e como evitá-los?
Atualmente, o que temos comprovação científica, é que proteínas de alto peso molecular são capazes de induzir resposta inflamatória. Isso significa que toda e qualquer proteína “pesada” ou “complexa” é uma suspeita em casos de animais alérgicos. Sendo assim, não importa a origem da proteína, mas sim seu peso molecular. Ou seja, proteínas de soja, frango, carneiro, boi, milho, leite, etc, têm a mesma capacidade de produzir resposta inflamatória. Dessa forma, cortar essa ou aquela proteína do cardápio pode não ser eficaz para controlar a coceira.
O que se mostra mais efetivo é a restrição do consumo de todas as proteínas de alto peso molecular. Geralmente, as dietas comerciais hipoalergênicas são baseadas nesse conceito. São proteínas comuns que passam por um processo industrial chamado “hidrólise” onde há quebra da molécula proteica até um tamanho que seja o suficiente para não ter potencial alergênico.
Note que as dietas comerciais são “hipoalergênicas” e não “anti-alérgicas”. O que significa que elas não cortam a alergia, elas só não têm aquilo que desencadeia a alergia. Isso quer dizer que se seu animal come dieta hipoalergênica e no churrasco do fim de semana ele tem acesso a outros alimentos, a dieta hipoalergênica estará sendo burlada.
Mais uma observação importante é que a hidrólise é um processo industrial que não conseguimos replicar em casa.
Existem testes clínicos e laboratoriais para avaliar reações alérgicas a alimentos, porém, a melhor maneira de diagnosticar a alergia alimentar é realizando a dieta de exclusão pelo tempo certo.
Ou seja, em caso de suspeita de alergia alimentar, o melhor é o teste com a dieta hipoalergênica orientada e acompanhada por um médico veterinário de confiança.
Resumindo: Seja a dieta caseira ou comercial, o importante é que tenha qualidade e atenda às necessidades do seu bichinho!